A lareira fica pra lá. Não... pera

salão comunal da grifirória, hogwarts - 

Uma hora eu precisaria confrontar Seth sobre esse assunto, bem..., dele gostar de mim de um jeito diferente. Encontrei ele ao acaso na comunal ontem à noite, estava estudando. Ainda assim, pediu que eu ficasse. Ele também sabia que precisávamos conversar. Foi então que resolvi dizer de uma vez, porque esse assunto não saía da minha cabeça e estava começando a me tirar o sono, mesmo depois de tudo que aconteceu no meio do caminho. Ele sempre foi meu melhor amigo e, certamente, se eu pudesse escolher me apaixonar por alguém, seria por ele. Mas a vida não funciona assim, infelizmente. Eu não sei o que me dá, mas não sinto essa vontade de beijar pessoas. Pelo menos não as que estão aqui, no meu dia a dia. Imagino até que nunca vou sentir, porque é estranho. Vejo as meninas da minha idade todas apaixonadinhas e falando sobre garotos e o único garoto que consigo pensar é o Leander. Só que eu tenho noção de que nunca seremos namorados nem nada do tipo, infelizmente.

Bem, é claro que Seth entendeu muito bem, pediu que tudo continue como sempre foi e que eu pare de pensar nessas coisas. Vou te confessar que meu coração apertou e doeu. Não quero fazer ele ficar triste e por mais que estivesse disposta a me afastar, só essa possibilidade já me deixa louca! Não quero perdê-lo! Falei muito sério sobre ele ser uma das pessoas mais importantes pra mim nessa escola. Por fim, combinamos que nada vai nos afastar e pelo menos dessa vez, vamos fazer tudo pois dar certo. 

Me lembrei do bolinho e ofereci para comer e trocar de corpo com ele. Sempre quis saber como funcionavam seus super poderes afinal. Devo confessar que é estranho. Me senti desorientada, perdida, além de perceber alguns sons e odores que a visão nunca me permitiu perceber. Foi engraçado ouvir minha voz vindo de Seth e a risada dele sair da minha boca. Tudo pareceria ir às mil maravilhas, até Seth pedir para ver nos próprios olhos. Ele ficou bem triste de novo, deve ser difícil encarar as próprias orbes sem o brilho comum. Me deixa mal saber o quanto isso ainda afeta o menino. Eu queria muito ter o poder de livrá-lo dessa dor, fazer ele ficar bem consigo mesmo ou poder enxergar de novo no próprio corpo. A cegueira dele é uma cicatriz, uma marca de vitória e sobrevivência. Não é feio. Na verdade, penso que se fosse diferente, nada seria como é hoje e talvez, nem amigos fôssemos.

O dia terminou comigo no dormitório masculino mais uma vez. Para vigiar o sono dele e não deixar desistir de lutar, como disse que tinha vontade.