terça-feira, 31 de maio de 2016

Primeiro dia em Hogwarts

salão principal, hogwarts -

Finalmente o dia de ir para Hogwarts chegou! Pareceu demorar uma eternidade até chamarem meu nome e eu ir até o chapéu seletor. Acabou que nem me surpreendi quando ele disse "Grifinória". Sim, o chapéu ele tem um rosto e fala na nossa cabeça. Só a casa que ele fala alto pra todo mundo ouvir. Foi muito legal, todo mundo me recebeu super bem e eu descobri que tem um monte de gente que conheci que é de Hogwarts também! 


Seth, Darcy, Syd, Lucifer, Snail, Amber caíram na mesma casa que eu, enquanto Mike, Alhena e Apolonia foram para a corvinal.

 Eu e Amber fomos correndo pra Comunal depois da cerimônia, porque ela me ajudaria com a roupa de leãozinho, já que eu perdi a aposta né. No fundo, estava torcendo pra perder mesmo e ficar na mesma casa que achava que Darcy ficaria. Nem acredito que Seth também está! Eu não poderia me sentir mais feliz. 

Ah, e a escola ainda faz um lance de leilão. Você como novato escolhe uma pessoa mais velha que seria seu tutor pela escola. Escolhi uma tal de Winter, ainda espero poder encontrá-la qualquer dia.

jardins, hogwarts -


Com a fantasia completa de leãozinho medieval, parti pra a tal festa que estava acontecendo nos jardins. Era tudo tão lindo! Tinham várias atividades, como arco e flecha, duelo, com músicas temáticas, tudo realmente bastante mágico. Tinha muita gente lá, então foi meio uma confusão. Amber me apresentou pra Sookie, que me apresentou pra Chewie, duas fofinhas. Lucifer tentava ajudar um menino que parecia ter comido alguma coisa estranha e tava dando várias reações erradas. Apolonia estava igual uma fada, correndo, girando e dançando de uma lado pro outro com várias pessoas de forma aleatória. Eu tentava ficar com Seth o máximo possível, até pra ambientar o menino naquele monte de gente e barulhos estranhos.

Até tentei me aproximar de Polka, mas ela já tinha fugido para outro canto, com outras pessoas. De qualquer forma, eu e Seth ficamos dançando juntos. Ele parecia meio sem jeito, talvez um pouco tímido, mas confesso que amei poder simplesmente dançar no ritmo da música. Adoro dançar, é algo que estava sentindo falta. O bom é que nessas festas de Hogwarts tem um montãão de gente, então eu nem fiquei de protagonista de nada, era só mais uma me remexendo ali.


E então, Darcy apareceu! Eu já estava começando a ficar preocupada porque afinal, tinha me fantasiado daquele jeito só por causa da aposta com ele. O menino me encheu de elogios e sempre fico muito sem jeito com isso, apesar de gostar. Ele é sempre bem carinhoso e pareceu bastante satisfeito com a forma que me comprometi em cumprir o acordo. Estava tudo perfeito, eu estava dançando, estava com Seth e Darcy comigo, as duas pessoas que mais me aproximei desde que fui morar em Londres. Só não esperava que tudo fosse meio pelos ares. Literalmente.

O clima ficou rapidinho hostil entre os meninos. Eles tiveram uma desavença antes das aulas começarem, com um Darcy impulsivo e enlouquecido para fazer o cego enxergar que bruxos existem. Só que ele deu uma exagerada, sabe? Parece que tentou enfiar um negócio na boa de Seth à força, nada legal. E na hora da festa, eu percebi que o Darcy estava fazendo o que pedi pra ele, pra ir com calma sabe? Ele pediu desculpas e tentou se justificar pelo ocorrido de meses atrás. Seth que não reagiu bem. Na verdade ele pegou um bolinho e enfiou na boca de Darcy de forma super agressiva. Eu fiquei meio... na verdade completamente sem saber o que fazer. É uma sensação horrível ver duas pessoas que você gosta brigarem. E Seth ainda cuspiu umas palavras sobre como ele se sentia magoado e triste pelo que tinha acontecido da outra vez. E aí, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, tentar consertar e fazer tudo ficar bem ali, Seth resolveu sair cheio de raiva. Eu juro que ia atrás dele! Não podia deixar ele sair daquele jeito sozinho, só que Darcy começou a soltar umas magias do nada e ficar voando uns 20 metros. 



Uma menina (Kalin) disse que ia atrás de Seth e eu fui correndo até Darcy, que tava todo empolado, vermelho e se coçando. Eu vi que ele tava triste, que queria mesmo ter resolvido as coisas entre os dois. Eu tinha tanta esperança deles serem amigos. Quase acompanhei meu amigo até a ala hospitalar, mas do jeito que ele estava dando uns saltos muito altos, poderia ser até perigoso. Então, só me restava reunir toda a minha coragem e ir até um Seth que eu nunca tinha visto antes. Voltamos juntos para a comunal.



salão comunal da grifinória, hogwarts -

O silêncio estava incomodando demais o caminho que fizemos dos jardins até a comunal. Mas não conseguia me atrever a falar nada. Ah, eu estava com os óculos dele, esqueci de mencionar. E esqueci de mencionar também que quando ele saiu enfurecido, bateu de alguma forma que fez um ferimento na testa. Eu não conseguia nem falar sobre, pra você ter ideia. Estava um pouco assustada ainda. Agora, enquanto escrevo, penso se não foi muito egoísmo da minha parte, ele estava chateado e triste, sabe? E eu não conseguia nem sequer dar um abraço ou dizer palavras de conforto. Estava chocada demais e triste também! Odeio odeio odeio ficar triste na frente das pessoas e não conseguir esconder isso. Ok, Seth não enxerga, mas ele tem super poderes, lembra? Tenho certeza que sentiu. A gente até meio que conversou rapidinho na comunal. Ele disse que não ia mais fazer aquilo, que tinha exagerado, mas disse também que desculpas não arrumam as coisas. Isso foi bem ruim. Como posso pedir desculpas sem pedir desculpas? 

Devolvi os óculos dele, ele me deu um beijinho na testa e eu dei um abraço super rapidão antes dele dizer que tinha que subir pra não descontar em mim. Antes ou depois? Ah, não lembro a ordem. Mas enfim. A única coisa que eu queria naquele momento era Yael lá comigo, pra eu poder dormir abraçada sem dizer nada, porque ele me entenderia. 



segunda-feira, 30 de maio de 2016

Como num conto de fadas

purpleberry park, ipswich -

Seth disse que tinha uma surpresa pra mim, que me levaria para um lugar diferente. É claro que aceitei né, mas fiquei muito nervosa para saber que lugar seria esse. Pareceu demorar uma eternidade! Até que finalmente chegamos. Olha, o lugar era lindo, com várias árvores enormes e lindas, um laguinho cristalino, super fofo. Só que eu não podia imaginar que a surpresa estava longe de ser simplesmente um parque fofinho. Seth pediu pra eu levá-lo até a árvore e ele começou a sacudir um dos galhos dela. 



E começou a sair um monte de fadinha de lá !!!! Eram muitas, muitas mesmo! Começaram a giram em volta de mim, pareciam estar rindo, felizes e brincando enquanto brilhavam como estrelas dançantes. Eu não sabia que fadas existiam e nunca imaginei que elas poderiam ser tão fofas. Foi um momento espetacular e completamente mágico. Eu me sentia saída de um conto de fadas.



Mas sabe o que foi o mais legal disso tudo? Seth não consegue enxergar, mas ele me levou lá porque queria eu EU visse aquilo. Ele achou que fosse ser algo legal e bonito e resolveu dividir essa experiência comigo, mesmo que não pudesse ver. Essa foi a coisa mais linda que alguém já fez por mim. Não tenho nem palavras pra expressar o quanto essa atitude mexeu comigo. Eu até chorei de novo! Aquele choro de felicidade, mas consegui secar todas as lagriminhas a tempo e o meu amigo nem percebeu. Chorar é ruim, eu já aprendi isso. Mas não dava pra conter! 

As fadinhas ficaram dançando em volta de nós dois, como se quisessem dar toda atenção do mundo pra nós, os protagonistas daquele conto de fadas. Quando perguntei o que as fadinhas falavam, já que Seth tem super poderes* e consegue ouvir mais do que todo mundo, ele vai e me deixa completamente sem graça de novo! Disse que tem sorte de ter uma amiga como eu. Não entendo como isso pode ser, na verdade, eu que tenho sorte de ter alguém como ele do meu lado. 

A gente se sentou e ficamos conversando sobre várias coisas da vida. Sobre as estrelas, os espaços, sobre Syd. E ele fazia aquele cafuné no meu cabelo que é muito gostoso! Quase dormi de tão relaxante que isso é. Combinamos que voltaremos lá, daqui a 3 anos. E eu vou ter que mostrar essa matéria pra ele quando o dia chegar, espero que seja a primeira vez que eu mostre pra alguém alguma coisa desse diário. 

*preciso dar um nome de super herói pra ele!

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Combinação Explosiva

regent's park, londres


Hoje eu encontrei o Darcy no Regent's. Tinha ido pra lá só pra me distrair mesmo e ficar pensando em quando tomaria coragem para pintar meu cabelo de rosa, aí, encontrei o menino lá. Ele estava machucado! Tinha uma marquinha no canto do lábio, meio vermelha meio roxa. Fiquei muito tensa para saber o que tinha acontecido, tentar ajudá-lo de alguma maneira, mas entendo quando preferimos manter silêncio sobre algo que acontece na vida e não gostamos. Pelo menos ele disse que eu salvei o dia dele. Dá pra acreditar nisso? Eu fiquei tão feliz por isso, em ajudá-lo só por estar lá, conversando, sorrindo e o distraindo. Quem diria que as pessoas iriam levar em consideração dessa forma o que faço por elas. Foi mais ou menos nesse momento que resolvi dar um beliscão nele e a reação foi completamente inesperada. Aparentemente o menino é acostumado a ser tratado meio que aos tapas pelas irmãs, por isso, vou tentar evitar essas brincadeirinhas com ele. Ele está ferrado porque vou enchê-lo de muitos abraços! Pra se acostumar com o carinho.



Mas logo, conversa vai, conversa vem e ele me mostrou a varinha que comprou. É uma das mais lindas que já vi! Ele disse que eu não podia andar longe dela, mesmo que a gente não possa fazer nenhum feitiço. Sempre tive medo, sabe? Vai que alguma coisa acontece e alguém me prende ou leva a minha varinha pra longe. Acontece que enquanto eu pensava essas coisas, eu e Darcy seguramos a tal varinha ao mesmo tempo e fizemos um feitiço. Perto do palito de algodão doce que eu tinha acabado de comer, nasceu uma flor muito linda. Meu amigo me explicou que ela é perigosa, tipo uma praga e logo a gente entendeu o porque. A flor simplesmente pegou fogo e virou cinzas. Foi lindo e hipnotizante, um pouco assustador também, mas eu adorei. 



Viva a liberdade!

jardim zoológico, londres -

Não sei o que me deu hoje pra querer ir pro zoológico. Na verdade, até tenho uma ideia. Eu sonhei com o leão, de novo. Aquele do deserto, que ficava me olhando daquele jeito todo humano, como se me pedisse alguma coisa que eu não faço ideia do que seja! Eu até tentava correr atrás dele, mas havia areia movediça e só me afundava e afundava enquanto o leão ia se apagando e acabava sendo só uma miragem. Horrível! Isso me fez ficar com aquele animal do zoológico na cabeça e resolvi ir até lá.

Só que eu não queria me deparar com ele, ao mesmo tempo. Dá pra entender? Não queria vê-lo todo magro, triste e dopado por aqueles malvados que o mantinham preso por lá. Por isso meu destino foi a área dos pássaros. Eles são tão lindos! São tantas penas coloridas, bicos diferentes e asas incríveis. Uma arara me chamou muito a atenção, não apenas por ficar olhando pra mim cheia de curiosidade, como se quisesse me dizer algo, mas pelas cores lindas. Mas era triste, tanta beleza distante da infinidade de caminhos que poderiam trilhar pelos céus.

Eu não estava sozinha. Lucifer, que eu gosto de chamar de Luci, estava por lá também. É o menino de cabelo laranjinha que conheci num encontro muito tumultuado no Green Park outro dia. Seu nome significa "Estrela da Manhã", e realmente quero muito ver seus cabelos brilharem na luz do dia, como se ele fosse de fato uma estrela. E ele é muito legal! Você não vai adivinhar a ideia louca que teve. Soltar os pássaros!


Nem pensei duas vezes na hora de aceitar e isso foi uma aventura bem louca. Eu sabia que era errado, mas precisava salvar aqueles animais. Conseguimos entrar na área das gaiolas e só um grampo foi suficiente pra abrir o cadeado. Luci me deixou ter o prazer de abrir a portinhola para libertar os animais. Disse que se saíssemos vivos de lá, me deveria uma ida na sorveteria. Foi lindo ver e ouvir as asas batendo, por mais escândalo que elas fizessem.

A partir daí foi tudo uma loucura! Peguei na mão do menino laranjinha e a gente correu sem nem olhar pra trás. O medo de estarmos sendo seguidos, daquelas vozes estranhas no zoológico quererem nos pegar... era muita tensão e adrenalina juntas! Nunca corri tanto nessa vida, o coração parecia que ia explodir pra fora da boca! Mas sério, foi muuuito bom. 


A coisa mais legal que já fiz, sem dúvida. Salvamos um monte de pássaros, demos a liberdade pra eles. Quem sabe um dia não consigo fazer o mesmo pelo leão?


*folha que ficou perdida no meu cabelo depois da fuga das aves


segunda-feira, 23 de maio de 2016

Dia de comprar as varinhas!

olivaras, beco diagonal -

Depois de ter contado pra Seth as coisas da vida bruxa, minha tia teve uma longa conversa com a mãe dele. Não é fácil você de repente descobrir que existe um mundo secreto bem debaixo do nariz e que faz parte da sua vida. Então a gente decidiu fazer junto uma espécie de rito de iniciação. Afinal eu também não sabia que existia uma escola pra bruxos e todos os detalhes que envolvem esse mundo.


E qual melhor forma de se sentir um bruxo do que ir comprar as varinhas? Mostrei algumas lojas pra Seth no meio do caminho, porque o Beco é um lugar realmente muito interessante! Só que no fundo, eu não estava me aguentando de ansiedade pra chegar logo no tal Olivaras. A loja é linda, toda abarrotada de caixinhas e de varinhas de formas e cores bem diferentes. Assim que chegamos, um senhorzinho de idade apareceu e nos chamou pelo sobrenome! Isso foi realmente perturbador, será que bruxos conseguem ler mentes? Imagino que nem todos tenham esse poder, ele era bem velhinho, devia ser um bruxo sábio. Só que não gostei. Eu amo falar! Você sabe disso, e se eu deixo alguma coisa na minha cabeça é porque esse é o lugar dela! Nem tudo precisa ser compartilhado com os outros.

Mas voltando às varinhas! É muito legal, sério. Você só precisa pegar uma, agitar no ar e, se for a certa, vai saber. O ruim é que coisas estranhas acontecem se for a errada. Pergaminhos caem, solta faíscas, ou até nada acontece e fica apenas aquele silêncio estranho. Dizem que é a varinha que te escolhe e eu realmente não entendia o que isso queria dizer até segurar o meu bebê pela primeira vez. Antes de tocá-la, um arrepio já subiu pelo meu braço. Dá pra sentir a conexão, o coração acelera, a mão fica mais quente e ao mesmo tempo é confortável de segurar, quase como uma carícia da própria varinha. O velhinho disse que a minha é especial e bem sensível. É feita de videira, núcleo de pelo de unicórnio, 27cm, flexível. É linda! Com umas raízes e desenhos de folhas e flores na parte de segurar.


Já Seth demorou bem mais para encontrar a sua. Ele estava quase desistindo já, e eu me sentia super aflita. Havia milhões de varinhas, com certeza o menino encontraria alguma que o quisesse, mas ele sempre acabava achando que a cegueira era um obstáculo. Ainda bem que o senhor apareceu com uma especialmente para o meu amigo. E não é que deu certo? Fiquei muito feliz mesmo por ele! Agora somos oficialmente bruxos, os dois. A varinha dele é de cedro, com núcleo de pena de fênix, 30cm, rígida.



Nós saímos de lá, os dois felizes pelo dia ter dado super certo. Só teve uma coisa! Fui conversar sobre a tecnologia dos livros, né, que Syd me contou. Aquela que sentimos o gosto se lambemos a imagem. Pelo que Seth me contou, isso não existe. Poxa, o livro estava quebrado coisa nenhuma, então... Fiquei chateada com isso, seria tão legal se fosse real... apesar de nojentinho.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Cabelo de Algodão Doce

pumpkim alley, londres - 

Hoje eu fui para um lugar diferente de Londres. Era meio escondido, cheio de comércio, mas o mais legal é que guardava as margens do rio escondidinhas ali. Existe areia em Londres! Eu fiquei muito tensa de colocar meus pés ali e sentir novamente aquela textura tão conhecida. Foi então que percebi uma outra menina.




Ela também estava descalça e parecia bastante confortável com os pés na areia. E não foi só isso que me chamou atenção na menina. Ela tinha os cabelos mais lindos que já vi na vida! São azuis, como um algodão doce. Seu nome é Alhena, mas certamente a chamarei de Azul ou Algodão Doce. Ah, falando nisso, parece que não fui a única a associar o cabelo ao doce. A menina me contou que tinha pintado ele e me sugeriu pintar também. De rosa, a primeira cor que veio na minha cabeça.



Eu sei que sempre quis que meu cabelo fosse preto, ou mesmo castanho, mas até que a ideia dele rosa é bem interessante. Na verdade, estou pensando em passar em Hogsmeade amanhã e procurar por alguma tinta mágica com esse poder! Talvez dê até pra comprar escondido.

Estávamos conversando animadamente sobre doces e outras coisas, quando alguém apareceu do nada. Descobri com um arrepio na nuca, que o menino já chegara mexendo no meu cabelo. Foi estranho, mas a sensação era gostosa e confortável. Seu nome é Snail e ele nos comparou a jujubas! Era legal poder me incluir na categoria de doces e aproveitar um dia agradável enquanto o menino fazia cafuné nos cabelos. Acho que ele até me deu um apelido, adivinha qual! Leoazinha. Parece que eu realmente sou um pequeno leão.



Eu amei isso! Cafuné é algo tão gostoso, é um carinho tão próximo que ficava até sem jeito por estar recebendo. Mas certamente quando ele parou, deixou aquele gostinho de quero mais. Espero poder reencontrá-los logo!

Livros tem gosto de comida!

livraria bookboth, londres - 

Hoje eu descobri uma coisa muito legal! Uma tecnologia que nunca imaginei que existisse. Não sei se todos são assim ou se só uma série de livros traz essa possibilidade, mas sabia que dá pra sentir o gosto nos livros? É! A gente só precisa passar a língua na imagem e pronto. Pelo menos foi o que Syd, o menino que encontrei na livraria me contou.

Quando cheguei lá ele estava lambendo uma revista, bem na parte do perfume, e parecia estar gostando. É estranho pensar que o pessoal fica lambendo uma imagem que outra pessoa já lambeu! Meio nojento, né? Mas é uma cultura diferente e resolvi tentar me adaptar. Aposto que tem um monte de coisa do acampamento que as pessoas iam ficar me olhando feio por achar estranho. Então não vou ficar julgando a mania desses europeus. Fui procurar alguma coisa e encontrei uma imagem linda de um super delicioso e suculento cachorro-quente. Ficamos os dois na expectativa né, pra saber como estaria o gosto. Mas não senti nada! Ele disse que poderia estar quebrado, até ia reclamar com a atendente, só que outras pessoas chamaram pra ir pra casa. Imagino que fosse algum familiar. 

Acontece que durante todo esse processo, conversamos sobre muitas coisas: comidas, lugares, frio... e foi nesse ponto que ele colocou uma touca na minha cabeça. Só que quando foi se juntar ao pessoal que não conheço, acabei esquecendo de devolver. Até que ficou legal! Será que vamos nos encontrar de novo e eu vou poder devolver? 

sábado, 14 de maio de 2016

Nunca foi SÓ um garoto cego

regents park, londres -

EU NÃO ESTOU CONSEGUINDO ME CONTROLAR. Vim correndo pra casa e a primeira coisa que fiz foi abrir pra poder contar as novidades. Vou  tentar falar por partes, mas não prometo nada. Primeiro eu tive pesadelo, mas bla, não quero ficar falando disso, né? Só que pelo menos ele foi bom, porque eu tava triste e resolvi sair de casa pra pensar na vida e tudo mais e encontrei Seth no parque. Ele estava cheio de papéis, todo concentrado lá e fui conversar com meu amigo. Eu não percebi, mas quando assustei ele sem querer, um papelzinho caiu no meu pé e antes de entregar fiquei mega curiosa.



VOCÊ NÃO SABE O QUE TINHA ALI! ERA A CARTA PRA HOGWARTS! Um convite para ele ingressar a escola e confirmar a matrícula logo. Isso quer dizer que ele é bruxo também! Por isso é que Darcy tinha falado com ele da escola e me disse depois que Seth iria entender tudo isso mais tarde. Eu to tão tão tão feliz! Estava triste por ir pra escola e deixar o menino sozinho, mas agora vamos os dois entrar juntos na escola. Dois manézinhos que não conhecem da vida bruxa e vão explorar e conhecer tudo juntos.  Tive que controlar muito minha empolgação pra não assustar o menino, tadinho. Imagina se eu começo a gritar do nada e pulo em cima dele?


Ele confiou em mim quando expliquei o que era a escola e o que era ser bruxo, pareceu acreditar nas minhas palavras e isso me deixou ainda mais feliz. Fiquei com medo dele sair correndo ou gritar comigo. A minha tutora vai conversar com a mãe dele depois, porque é melhor falarem de adulta pra adulta toda essa história, afinal, é informação demais pra alguém que nunca acreditou em bruxos. Eu, pelo menos, sempre fui considerada assim no deserto, era mais fácil aceitar.

Eu nem entendo ainda essa coisa de casa, mas fico imaginando: será que a gente vai pra mesma casa em Hogwarts? Espero que tenham magias pra ajudar Seth a conseguir ler as coisas das aulas e aprender os feitiços. E falando em feitiços, será que tem algum que faça ele voltar a enxergar? Seria maravilhoso! Só sei que vai ser muito bom poder dividir essa experiência com ele e agora sim, não vejo a hora das aulas começarem.

A surpresa

bazar mágico cranville, beco diagonal -

Finalmente hoje foi o dia para descobrir qual era a tal surpresa que Darcy tinha me prometido. Encontrei com ele numa rua do Beco e fomos passeando pelo lugar. Ele sempre mostrava as lojas e para que cada uma servia, até mostrar uma que parecia mais especial de todas! Fica perto ta sorveteria e é o Bazar Mágico Cranville!

Ele disse pra eu tomar cuidado e não encostar nas coisas senão posso perder o dedo. Até agora não sei se isso era verdade ou não, mas por via das dúvidas, melhor obedecer, né? O lugar é lindo! Cheio de coisas mágicas que apitam, rangem, e tem formatos engraçados. Fiquei super encantada por uma bola meio grande e transparente, tipo aquelas de prever o futuro. Será que no mundo bruxo elas realmente servem pra isso?

Darcy me mostrou um aparelhinho que coloca na cabeça e deixa um penteado divertido. Ele ficou com os cabelo todo arrepiado, parecendo um leãozinho felpudo e eu fiquei parecendo que tinha um poodle na cabeça. Essa foi a definição que ele deu, aliás. O penteado já saiu, meu cabelo está são e salvo, normalzinho. O efeito sai depois de um tempo.

Só que o mais legal eu não contei ainda! Ele disse que tinha uma surpresa e eu achei que a surpresa fosse o lugar, mas me enganei. Darcy tinha um presentinho pra me dar. Ele veio atrás de mim e colocou um cordão no meu pescoço, com um pingente de leão!!! Disse que era simbólico, pela aposta que fizemos. Estou tão encantada que não consigo para de sorrir e ficar mexendo nele. É lindo demais. Não estou acostumada a ganhar presentes, você sabe, e isso faz com que eu me sinta especial, de certa forma. Não sei se é costume as pessoas ficarem se presenteando, mas pelo menos pra mim, eles valem muito mais. Mostra que Darcy pensou em mim com carinho em algum momento e ou viu alguma coisa e lembrou da nossa conversa ou simplesmente se preocupou em sair para procurar algo para me entregar quando fôssemos nos ver novamente. 

Aproveitei para saber o que eu teria que fazer caso não fosse pra grifinória, afinal, até onde sei é assim que apostas funcionam. Foi sugerido que eu vá vestida de leãozinho para a primeira festa a fantasia. Não sei onde vou arrumar isso mas amei a ideia! No final de tudo, Darcy ainda foi super fofo e pediu pra eu não me afastar dele, mesmo que Hogwarts fosse trazer tantas mudanças e pessoas novas. Eu fiquei tão tão feliz com isso! Ele é meu amigo e gosta de mim! Dá pra acreditar? Tem gente que me quer ver por perto de verdade! Eu não to conseguindo me aguentar de emoção.

Eu vou andar com o colar pra sempre, como uma marca! Eu já descobri que não vou conseguir deixar o deserto ser queimado de minhas lembranças, então que fique com algo importante e simbólico que possa ganhar um novo significado. O leão. Representando a mim mesma, a lealdade e a amizade.




segunda-feira, 9 de maio de 2016

Amigos pra sempre


london eye -

+44 (0)20 7646 0578 <~ número de telefone do Seth. Não esquecer (!!!)

Oooi, diário. Jeito meio estranho de começar, eu sei, mas é que o Seth me passou o número e eu só tinha aqui pra anotar. Em casa não tem telefone, infelizmente, mas eu vou arrumar um jeito de ligar pra ele, principalmente depois de tudo que aconteceu. Mas calma, vou explicar aos pouquinhos.

Então, a gente tinha marcado de se encontrar, né, pra ele me dar o livro e tudo mais. Se chama As Crônicas de Nárnia e tem um leãozão lindo na capa, estou louca pra ler - só não comecei ainda porque cheguei super cansada. Então, resolvemos ir para a roda gigante! Eu queria muito saber como ele ia se sentir no brinquedo, mesmo que não enxergue. Eu tenho certeza que os cegos tem uma percepção diferente das coisas e por mais que ele não pudesse enxergar as luzezinhas e a cidade ficando pequena, imagino que tenha sentido algo que eu não pude perceber por conta da visão. Foi legal, ficamos de mãos dadas por lá e ele disse que estava gostando do passeio.

Mas aí as coisas começaram a desandar. Na verdade, elas já estavam meio desandadas na hora que ele falou do menino estranho que contou sobre bruxos e cartas. Seth não acredita e parece realmente não gostar dessa história toda. Fico cheia de medo, achando que ele pode não querer mais falar comigo quando souber que sou uma bruxa. E se ele souber da maldição, então? Acho que a amizade já era! Ele até disse que eu não ia me livrar facilmente e realmente espero que aconteça. Porque Seth é a primeira pessoa que considero um amigo por aqui - não que tivesse, no deserto. A gente se entende de um jeito diferente, parece que pensamos igual! 

Só que eu acho que fiz besteira e talvez tenha perdido meu único amigo. Ele ficou muito muito triste quando soube que eu ia estudar numa escola diferente e longe, e só poderíamos nos ver quando chegassem as férias. Eu to louca pra ir pra Hogwarts e conhecer esse novo mundo, mas meu coração dói por deixar meu amigo pra trás. Ficou uma coisa muito estranha na cabine, quase como se a gente nunca mais fosse se ver! E agora eu to aqui, na minha cama, escrevendo tudo isso e com maior vontade de chorar, sabe? Não quero ficar sozinha de novo!













sábado, 7 de maio de 2016

Dia de Zoológico

zoológico, londres -

Hoje era dia de visitar o zoológico e conhecer um pouco mais da fauna de diversos locais. Eu realmente estava animada para isso. Vi uns pássaros com penas maravilhosas, cheias de cores e brilhos e você sabe o quanto eu adoro pássaros, né? Vi outros bichos estranhos também que jamais sobreviveriam no deserto, mas o que mais me chamou atenção foi o leão. Eu fiquei um tempo ali olhando pra ele e confesso, até parei pra conversar. Ele parecia tão triste e preso dentro daquela jaula, a juba avermelhada estava toda apagadinha. Um menino mais ou menos da minha idade me viu e percebeu que eu tava triste junto com o leão e me chamou para sair dali. Era bom, porque assim eu parava de pensar no animal daquele jeito. O fato de ser chamada de Arieh e de ter o felino tão presente em tantas etapas da minha vida meio que criaram essa ligação, sabe? Ou pelo menos eu acho que existe uma ligação entre nós.


Mas enfim, o nome do menino é Nickel, mas vou chamá-lo de Príncipe porque ele tem um sobrenome que parece da realeza (Prince*). E ele resolveu me chamar de Arieh. Claro que fiquei estranha quanto a isso, mas confesso que foi só num primeiro momento. Vamos dizer que ele falou isso de um jeito tão fofo, que não tem como levar como uma ofensa. Foi muito legal conhecê-lo, a gente tomou sorvetes e ficou conversando. Descobri que dão remédio para o leão ficar mais tranquilo e descobri também que existem pessoas que não se alimentam de nada de origem animal. Vegano o nome, se me recordo bem. Difícil demais imaginar alguém que consegue viver sem uma carne deliciosa, ou mesmo ovos. Bem, talvez com a quantidade de alimentos que existem disponíveis por aqui, dê pra sobreviver numa boa. 



Uma das coisas mais legais que ficamos fazendo foi - além de comer o sorvete - ficar fantasiando sobre um mundo onde ele era realmente um príncipe de um reino enorme, e eu a princesa. Teríamos um enorme castelo com espaço de sobra do lado de fora para colocarmos animais de todas as espécies, quase como uma arca de Noé. Como príncipe e princesa seríamos pessoas boas que ajudariam seus súditos e o mundo certamente seria muito melhor!



ps: lembrar de pedir para a tia comprar pistache na feira.

*ele disse que posso encontrá-lo através do sobrenome, então não posso esquecer!


O inverno de Londres

oxford street, inverno -

Para uma pessoa que nasceu e viveu a vida inteira no deserto, esse frio todo só pode ser uma provação. E pior que a tia disse que não era comum um frio intenso daquele mesmo em Londres! Sério, eu não consigo nem descrever o quão desesperador têm sido esses dias a ponto de pedir toda noite para o mês de Arieh chegar logo com toda sua destruição. Apesar de que, acredito que por aqui Agosto não seja tão terrível, talvez apenas quente. 

Já estávamos ficando sem provisões em casa e eu crente que meu destino estava chegando, até que a tia decidiu me levar para sair e comprar umas roupas. Mais roupas, para ver se melhorava um pouco essa situação toda. Felizmente consegui chegar bem pelas lojas em Londres, tomamos uns caldos quentes muito gostosos e depois seguimos pra loja de roupa. Ficamos um tempão lá e quase me perdi no meio de tanto casaco, gorro, luvas, botas... Eu nunca tinha visto aquelas coisas, nunca precisei me cobrir com peças de roupa tão grossas! Quando já estava quase indo pra casa, vi uma figurinha do outro lado do vidro. A princípio achei que fosse uma criancinha carente e felizmente fui até lá fora falar com ela.

Era Seth! O menino cego do outro dia. Fiquei muito feliz de vê-lo de novo, porque não trocamos nenhum contato então precisamos que o destino esteja a nosso favor pra nos esbarrarmos por aí. Ah, eu não esbarrei nele! Não ficamos rolando e rolando eternamente pela neve, como ele disse que aconteceria. Descobri que ele fica por lá, sozinho esperando a mãe terminar de trabalhar. Talvez eu possa pedir um dia para ir lá de novo mais ou menos no horário e quem sabe a gente não se encontre "sem querer"? Mas de qualquer forma, marcamos um próximo encontro já! Seth disse que vai me dar o livro do leão, já que tem uma versão em letras que não lhe serve mais de nada. Aí eu já falei pra gente se encontrar na London Eye. Quem sabe não podemos ir naquela roda gigante super legal. Além do mais, vai ser muito divertido ver como ele reage no brinquedo, já que não pode enxergar.

Quase me esqueci, eu descobri uma coisa! Ele não nasceu cego. O pai dele tava bêbado e obrigou ele a sair, parece que aconteceu um acidente depois disso. O pai dele morreu enquanto o menino só foi afetado na visão, ainda bem. Por que alguns pais tinham que ser tão idiotas? Por que mostravam essa falta de amor toda? Eu juro que não consigo entender essas coisas. 

Mas enfim, saber que ele já enxergou um dia, me deixou curiosa pra saber como eu seria dentro da cabeça dele. Quer dizer, Seth devia me imaginar de alguma forma, né? Outra coisa que descobri é que cegos podem ler com os dedos e enxergar com os dedos também. Ele passou a mão no meu rosto devagarinho e disse que conseguiu me ver. Bem legal, né? É muito difícil fazer isso, eu não consigo!


domingo, 1 de maio de 2016

Novas descobertas em Londres

green park ~

Ontem Darcy tinha me contato que morava perto do Green Park, em Londres, então esse foi meu destino hoje! Assim que cheguei, fiz o habitual: descalcei meus sapatos e fui caminhando sentindo a grama nos meus pés. É tão gostosinho! Os matinhos quase fazem cócegas entre os dedos. O clima é tão gostoso por aqui, me sinto cada vez mais em casa. E eu estava tão particularmente feliz hoje que comecei a correr! 

Claro que isso não ia dar em boa coisa. Esbarrei feio num menino e nós caímos, pra piorar, uma outra menina caiu por cima de nós depois disso! Foi uma confusão só. Mas até que foi bom, porque pude conhecê-los, se chamam Amber e Seth. A Amber tem os cabelos de fogo também, além das marcas de sangue pelo corpo. Juro que tentei ser discreta com isso, mas foi muito estranho. Nunca tinha visto outra pessoa com a marca e espero sinceramente que a maldição dela não tenha sido algo tão ruim. Eu não sei exatamente como isso funciona, se necessariamente é preciso matar a mãe enquanto está no ventre para ser tocada pelo anjo. Mas no momento, preferi ignorar esse detalhe e apenas conversar com os dois, como se não houvesse nada errado.


Eu descobri que o Seth é cego! Não sabia que existiam pessoas com olhos no rosto e que mesmo assim eram incapazes de enxergar. E descobri uma coisa muito legal: cegos podem ler. Existe tipo uma letra especial, uma espécie de bolinha em relevo, para que eles possam ler com os dedos. Fiquei muito feliz com isso, em saber que o mundo daqui se preocupa. Mas ainda assim, existem muitas limitações. Prometi pra ele e pra mim mesma que iria ajudá-lo, ainda não sei como posso fazer isso. Só sei que quando nos vermos de novo prestarei ainda mais atenção no que ele precisa e tentarei ser os olhos dele. Tipo, será que sabe o que é cor? Ou então dia e noite? Vou tentar encontrar um jeito para explicar, caso ele tenha nascido com esse problema e não saiba distinguir essas coisas.